Em 2009 o agrônomo Rodrigo Veraldi fez algumas tentativas de cultivo de lúpulo em sua propriedade, Sítio Entre Vilas, em São Bento do Sapucaí (SP). Naquele ano todas as suas tentativas pareciam ter ido por água abaixo até que em 2011 ele desconfiou de uma planta que crescia num espaço que ele utilizava para o descarte de matéria orgânica.
Rodrigo constatou que ali crescia um pé de lúpulo que resistiu desde sua experiência anterior.
Ainda assim, Rodrigo não apostou que a planta passasse da época de chuva, o que pra sua surpresa aconteceu.

Foi então que a partir de uma mutação deu-se início ao cultivo do lúpulo nacional.

O Brasil ocupa numa posição de destaque no mercado cervejeiro mundial, atualmente está em terceiro lugar na produção de cerveja. Nosso país importa matéria-prima para suficiente para produzir 14 bilhões de litros todos os anos, o que significa que se este ingrediente fosse nacionalizado os custos produtivos da cerveja cairiam bastante. De acordo com o Siscomex, somente em 2016 foram importadas mais de 1.700 toneladas de lúpulo.

Diante dessa realidade Rodrigo apostou na boa oportunidade deste cultivo aproveitando o clima frio da região da Serra da Mantiqueira.

“Comecei a semear sem muita esperança. Diziam que era impossível, incompatível com as horas de luz, que nosso clima e solo não eram ideais, mas arrisquei.”

Na primeira tentativa nasceram 20 pés de Lúpulo, Rodrigo cultivou em estufa, mas assim que transferiu para o campo os exemplares não resistiram ao período chuvoso.

“Na primeira chuva, as plantas se perderam. Aí eu desisti. Fui vencido pela tese de que lúpulo não é cultivado no Brasil.”

Mas em 2011 a bela surpresa ativou novamente sua curiosidade, a partir da matriz que resistia a chuva Rodrigo gerou clones e continuou a investir no cultivo que dessa vez deu muito certo.

Deu tão certo que a cervejaria Brasil Kirim dona da Baden Baden entrou no negócio e em 2014 investiu bastante no plantio do lúpulo numa área de 1 hectare.

A cervejaria acredita que o lúpulo nacional possa se tornar disseminador da cultura cervejeira no país incentivando o cultivo por pequenos e médios produtores.

Rodrigo produz atualmente o equivalente a 2.000 quilos de lúpulo por ano na sua propriedade de São Bento do Sapucaí. O início da colheita ocorre em março e é feito manualmente. O agrônomo conta que seu investimento foi de R$ 120 mil e que ainda não lucrou efetivamente com os testes.